PLIM PLIM NO ZAP ZAP

E-mail. Cara, lembra disso? Como éramos felizes. E-mail foi uma coisa que machucou muito carteiros antes de levar um tiro na fuça disparado pelo WhatsApp. Tempos modernos.

A diferença básica entre e-mail e WhatsApp é o tempo. Com email as pessoas esperavam um dia para reclamar que você não havia respondido uma pergunta. Com o Whatsapp o cara quer estar escrevendo uma mensagem pra você e lendo “Renê está digitando”, manja? No WhatsApp todo mundo é filho de um pai que está na forca.

É assim:
19h42 – “Opa, tudo bem?” – plim!
19h42 – “?” – plim!
19h42 – “?” – plim!
19h42 – “Aconteceu alguma coisa??????” – plim!
19h42 – “Hey!!!!!” plim!
19h42 – “Pô, para de dar susto na gente!!!”. – plim!

Não vejo a hora de algum desembargador maluco tirar do ar esse troço de novo, para que eu pelo menos consiga tomar um banho. Faz 72 horas que estou respondendo mensagens ininterruptamente.

São mensagens grupo “Trabalho”, “Família”, “Amigos”, “Amigos que viraram inimigos por causa de política”, “Família da sua mulher”, “Família da família da sua mulher”, “Moradores do prédio”, “Moradores do prédio que não gostam do síndico”, “Moradores do prédio que eu não moro”, “Amigos que não conheço”, “Isolamento Social é o cacete”, “Eu conheço alguém que já teve coronavírus”, “Usuários do Telegram”… cara, me puseram no grupo dos “Fãs do Lagosta com Toddy”. Descobri outro dia que é uma banda de forró. Taí uma galera que gosta de mandar mensagem. É Lagosta o dia inteiro.

E sabe o que é pior? A galera que nunca escreveu, tem que fazer isso. Rapaz, o dicionário brasileiro ganhou umas 20.000 palavras novas depois do WhatsApp. Tem vezes que o stent que eu coloquei quando tive um infarte vai parar no fêmur. Jesus amado.

E quando não escreve o cara manda áudio. Só tem uma coisa pior do que o cara que escreve errado e manda áudio de 3 minutos. É o cara que ouve com o volume do celular alto a mensagem de 3 minutos que ele recebeu, cheia de erro de português.

E-mail era muito louco mas eu gostava. A gente também passava tudo por ali: documentos, fotos, orçamentos, vírus, nervoso, vergonha. Putaqueopariu. Quantos e-mails na vida eu mandei para a pessoa errada. Tenho cada história.

Seu endereço de email tinha um @. Cara, arroba é medida usada para medir o peso de bois. Porra, imagina o doidão que inventou isso. Devia estar muito chapado: “ó, o endereço vai ter um nome, aquela bolinha que a gente usa para dizer quanto pesa uma vaca e depois o provedor”. Mutcholoco.

Configurar e-mail era moleza: SMTP, POP3, IMAP, IP… os caras que inventaram isso eram pior que os prefeitos para gostar de sigla. Você levava tanto tempo para configurar um email que quando terminava já tinha uma versão nova do Windows para instalar.

E quando alguém te enviava um e-mail com um anexo grande? Pqp. Travava sua máquina, o servidor da agência, o sistema Anchieta Imigrantes, o tráfego aéreo nos EUA. Tinha que formatar a porra do computador.

Ô época desgraçada de boa.

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